sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Contato de 3º grau humano

Waking Life. Eu não quero ser uma formiga. Eu não sou uma formiga, mas me sinto como uma algumas vezes. Todos os dias, acordamos em um contínuo piloto automático. Rotina. Nosso cérebro parece nos condicionar a repetir as mesmas ações, da mesma maneira, todo o tempo.

E como as formigas, andamos em nossa colônia, passamos uns pelos outros, esbarramos nossas antenas:
- Desculpa.
- Crédito ou Débito?
- Mais alguma coisa?
- Segure o elevador para mim.

Informações sem conteúdo, sem importante e sem valor humano. Condicionamos-nos a viver numa colônia onde é apenas permitido, esbarrarmos nossas antenas e trocar informações breves. Sem nenhuma profundidade, significado ou sentimento. Você nunca verá uma pessoa que senta do seu lado no ônibus lhe perguntar: “Como foi o seu dia?” – Repito, nunca. Toda informação que trocamos no nosso dia-a-dia com outras pessoas desconhecidas servem apenas para um único propósito: “Manter ativa nossa colônia de formigas”. ‘Dirija’,’não beba’, ‘não fume’, ‘pare’, ‘ande’, ‘ketchup?’, ‘tenha filhos’...... São todas informações de sobrevivência, não somente a sua sobrevivência, mas a sobrevivência da colônia, da sociedade. Da ordem e da civilização. Ela que nos coloca em coleiras, que nos mantém seguindo um rumo em direção ao progresso da colônia.

Eu não quero ser uma formiga, eu não quero me sentir no piloto automático, eu não quero ser um imbecil civilizado. Eu quero lhe abraçar, perguntar como foi o seu dia, se você está feliz e também lhe contar o motivo de eu estar feliz. Eu quero contato humano, menos máquinas e mais afeição.
Não quero apenas frases como ‘Aqui está o seu troco’, ‘Gostaria de conhecer nossas promoções’. Foda-se a colônia, eu quero ser um ser humano de verdade. Quero momentos humanos! Não somos máquinas ou gravadores. Se você tem sentimentos, então não trate os outros como se eles não tivessem. Não quero apenas passar pela sua frente, quero que você ao ver-me SAIBA que eu não sou apenas mais uma formiga que encostou as antenas em você (“Pode sentar no meu lugar senhora”) eu quero que você me veja, sinta que eu sou mais que uma formiga passando, quero que você SINTA que eu tenho uma história... E esteja à vontade de conhecer essa história se quiser. Eu gostaria que todos quisessem isso.

A espécie humana é o único animal que em meio a um centro de cidade, cercado de pessoas da mesma espécie consegue se sentir sozinho.

Por um mundo menos plural. Sejamos mais singulares, vejamos-nos como uma única espécie que somos. Com isso só temos a ganhar. Idealismo, sim, mas antes um bom idealista do que uma formiga esbarrando suas antenas em meio a um vazio sem significado.